O termo buraco de verme (wormhole em inglês) foi criado pelo físico teórico estadunidense John Wheeler em 1957. Em física, um buraco de verme ou buraco de minhoca é uma característica topológica hipotética do continuum espaço-tempo, a qual é, em essência, um "atalho" através do espaço e do tempo.

Se o buraco de verme é transponível, a matéria pode "viajar" de uma boca para outra passando através da garganta. Embora não exista evidência direta da existência de buracos de verme, um contínuum espaço-temporal contendo tais entidades costuma ser considerado válido pela relatividade geral.

O nome "buraco de verme" vem de uma analogia usada para explicar o fenômeno. Da mesma forma que um verme que perambula pela casca de uma maçã poderia pegar um atalho para o lado oposto da casca da fruta abrindo caminho através do miolo, em vez de mover-se por toda a superfície até lá, um viajante que passasse por um buraco de verme pegaria um atalho para o lado oposto do universo através de um túnel topologicamente incomum. (Fonte: Wikipédia)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O TELEFONE


   
          Foi amor à primeira vista. No momento em que ela o viu, tudo à sua volta parou: nada existia nem respirava.Parecia cena de filme, só que congelada, como quando se para a cena no DVD. Ela poderia dizer o que  ele vestia naquele momento, o tom exato de sua voz, a cor de seus cabelos e olhos. Era um momento cristalizado na eternidade. No entanto, durara apenas alguns segundos: o tempo exato de um amigo comum apresentá-los. O amor  chegou para ela com a força e a rapidez de um raio.
Desde então, sua vida passou a ter um novo colorido. Seu coração se acelerava quando o via, ficava vermelha se ele lhe dirigia a palavra e tudo caía de suas mãos. Um dia, ele lhe pediu seu telefone. Disse que queria “manter contato” e que lhe telefonaria.
Os dias se passaram e ela sempre esperava o telefonema. Cada vez que o telefone tocava, seu coração acelerava, o ar lhe faltava e ela corria para o aparelho. Era a amiga com problemas, o aluno pedindo um auxílio ou a tia querendo tirar dúvidas a respeito de uma receita culinária.
E o telefone estava sempre ali... e em sua mente. Crescera de tamanho, ficara imenso... do tamanho de sua ansiedade. E o pior, é que ela não queria ficar presa ao aparelho, mas este parecia ser mais forte do que ela – tinha uma atração irresistível: dominava sua mente e seus pensamentos!
Por mais que ela não quisesse, era dominada por ele! E no entanto, ela tinha uma péssima relação com telefones: ela os odiava. Sua primeira decepção acontecera através do telefone. Ela tinha cinco anos. Seus pais haviam se separado. Seu pai saíra de casa e morava num hotel. Prometera jantar sempre com ela às sextas feiras. Logo na primeira semana em que ele jantaria com ela, a comida já estava sobre a mesa e ela esperava que o pai batesse à porta a qualquer instante. O telefone tocou (sempre o maldito telefone!). Era o pai, para dizer que não poderia ir jantar com ela, pois ia jogar futebol com os amigos. Ela ficara parada ali, com o telefone na mão, sentindo uma imensa sensação de vazio...
Agora, ela estava se tornando dependente de um telefone. E se ele ligasse na hora em que ela não estivesse em casa? Como ela saberia se ele havia ligado ou não? Resolveu então instalar um identificador de chamadas.
Começaram a aparecer em seguida, números de telefones desconhecidos e variados. E se ele tivesse ligado de um deles? Poderia estar no trabalho ou na faculdade, quem sabe mesmo na rua e resolvera ligar para ela, fazer um convite...
Ela não tinha coragem de ligar para estes números. Tinha medo de que fosse realmente ele ou, pior, que não fosse ele (e o trauma da decepção por telefone?).
Um dia, o aparelho de identificação de chamadas queimou. Estava aceso, funcionando, e no instante seguinte, não estava mais. A ansiedade dela aumentou. E agora? Como iria saber quem ligara?
O telefone tocava e ela tinha medo de enfrentar a realidade que estava do outro lado da linha. Então, começou a receber muitas chamadas, durante todo o dia. O telefone dava apenas quatro toques. Ela sabia que isto indicava, normalmente, que era uma ligação feita por um homem, pois as mulheres nunca se contentavam com quatro toques. As mulheres, via de regra, têm uma esperança insistente de que alguém vai atender o telefone do outro lado da linha. E agora? O que ela fazia? Atendia ou não o telefone?
Ela começou a criar coragem: atendia, mas não dizia absolutamente nada. Do outro lado da linha acontecia a mesma coisa... e desligavam.
A mente dela começou a dar voltas e mais voltas: ele estava criando coragem para falar com ela, ou talvez estivesse apenas querendo ouvir sua voz; quem sabe não estivesse apenas querendo confirmar se ela estava em casa – poderia ser ciumento!
Em meio a estes pensamentos, um dia ela criou coragem e falou ao telefone:
- Alô!
- É da oficina Santo Antônio? Estou há dias tentando falar com alguém daí.

O POTE QUEBRADO

                         


       Uma amiga me convenceu à colocar aqui uma amostra dos contos que escrevo. Considero-os ainda em construção, pois uma outra amiga, ainda não fez a revisão gramatical e ortográfica deles para mim (afinal, não sou perfeita), mas de qualquer forma é um meio de tê-los guardado em algum lugar, além de onde os coloco, pois vivo perdendo-os. 





                                                 
                                      

O ônibus estava lotado e ela ia abrindo caminho por entre as pessoas, com uma ladainha de “Com licença!” e “Me desculpe!”. Até que, perto dela, finalmente, o paraíso: um lugar vago. Ela se sentou com sua mochila e seu fone no ouvido. Procurava se distrair durante a viagem monótona, ouvindo música. Enquanto isso, olhava o rosto dos demais passageiros. Em cada um, via uma imagem diferente.
De repente, viu o motorista e algo aconteceu: foi como se a mágica inundasse a viagem entediante... Ela era uma garota sonhadora, que gostava muito de ler, principalmente romances de época. E o rosto do motorista levava sua imaginação à um mundo de sonhos.
O motorista deste ônibus possuía um rosto singular: de formato quadrangular, com olhos bem traçados; um nariz reto, na medida certa; lábios perfeitos; um queixo um pouco destacado, mas forte, másculo, viril; olhos castanho-escuros que contrastavam com os cabelos louros e levemente cacheados. Tudo isto, recoberto por uma pele lisa, sem imperfeições e muito clara. O pescoço era forte e proporcional à cabeça. O tronco era másculo, de ombros largos e quadris estreitos.
A imagem deste homem inspirava a mente criativa e sonhadora da garota. Era um rosto perfeito! Se ela fosse uma escultora, gostaria de esculpi-lo e guardar toda aquela perfeição para a eternidade. Ele tinha um perfil... perfeito! Ela não conseguia pensar em outra palavra que não fosse esta.
Não era o que se poderia chamar de um típico rosto brasileiro, não. Era um tipo de rosto europeu. Ela tinha vontade de poder esculpir um busto deste homem. Conseguia imaginá-lo com roupas gregas, andando diante do Areópago, discutindo com outros homens.
Mas o que lhe caía à perfeição, era imaginá-lo como um típico lorde inglês. Isto lhe caía como uma luva. Ela o via com roupas dos séculos XVIII ou XIX, cavalgando pelos arredores do castelo, caçando, ou dançando em bailes com a máscula discrição inglesa, ou sentado numa sala de seu pequeno castelo, jogando com os amigos. Parecia ter saído das páginas de um romance inglês e seria um personagem perfeito de Jane Austen.
Os devaneios dela foram despertados pela cigarra do ônibus, que tocou forte, e percebeu, de repente, que era seu ponto. Nossa! Quase o deixava para trás! Como a viagem fora tão rápida desta vez? Agradeceu ao motorista, como sempre fazia e desceu.
Mas a imagem dele a perseguia. Agora entendia melhor o que se dizia a respeito de pintores e escultores: que quando encontravam um modelo ideal, a imagem deste se tornava uma obsessão, até que conseguissem transplantá-la para a tela ou a pedra.
Passou a esperar, com ansiedade, o ônibus da linha em que ele trabalhava. Começou a utilizá-la mais vezes. E muitas vezes, encontrava-o dirigindo o ônibus. Eram minutos mágicos, em que ela criava enredos de romances britânicos em sua mente ou visualizava os que conhecia, encaixando a imagem dele entre os personagens. Por estranho que pareça, nunca tinha ouvido ainda a voz dele. Ela a imaginava com um timbre grave e másculo, como sua aparência. Uma voz semelhante a de Sean Connery ou Matthew Macfadyen: a típica voz de um lorde inglês.
Um dia, em meio aos seus devaneios no ônibus, subiu pela porta da frente um amigo deste motorista, e perguntou como ele estava. A garota ficou ansiosa... Era a primeira vez que iria ouvir a voz dele.
No momento em que ele falou, ela sentiu dentro de si o som de algo que se quebrava. Ele possuía uma voz fina, estridente, irritante, em nada parecida com a beleza muda de seu busto perfeito.
A sensação que a garota tinha era a de que alguém destruía a marretadas o busto esculpido em sua mente e cacos voavam por todo lado; alguém rasgava em mil pedaços os romances que construíra em sua imaginação. Ela se sentia como a personagem da história da menina que carregava o pote de leite. O pote dela - e o seu - se quebrara. Agora, não era mais uma viagem mágica. Voltara a ser apenas uma viagem comum e entediante, como sempre fora.



      

                                   

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

COMO LER A BÍBLIA


OBS=Durante a leitura do texto serão encontrados questionamentos, que não precisam ser necessariamente respondidos  aqui, por escrito. A finalidade é permitir que a pessoa que o lê, possa avaliar se o está entendendo ou não e ao mesmo tempo, questionar seu posicionamento diante do que lê. Porém, isto não impede que quem o queira, os responda por escrito ou faça perguntas se dúvidas surgirem. Além disso, os questionamentos aparecem intercalados no texto, permitindo que quem o leia, possa lê-lo aos poucos, se assim o quiser. A finalidade principal do texto é despertar discussões, para que o mesmo permita um estudo dinâmico e não, estático.






Para se entender a melhor forma de ler a Bíblia, é necessário ter-se em mente alguns fatos:
1º) O termo BÍBLIA vem do grego (TÀ BIBLÍA = “os livros”), que passando para o latim se tornou BIBLIA; em português, BÍBLIA.
A Bíblia não é só um livro, mas uma BIBLIOTECA, agrupados em dois grandes conjuntos: o ANTIGO e o NOVO TESTAMENTO (abreviando: AT, NT – estas abreviaturas serão muito utilizadas daqui para a frente!). O termo TESTAMENTO vem do latim TESTAMENTUM, tradução da palavra hebraica que significa “aliança”.
A Bíblia é chamada freqüentemente a ESCRITURA, as ESCRITURAS, as SAGRADAS ESCRITURAS.
A primeira parte da Bíblia, o AT, é comum aos judeus e aos cristãos, mas com algumas diferenças.
Os judeus, seguidos pelos evangélicos, reconhecem somente os livros escritos em hebraico, ou seja, 40; os católicos acrescentam mais 6, escritos em grego; a estes os evangélicos chamam livros “apócrifos”; os católicos, “DEUTEROCANÔNICOS”, isto é, que entraram em segundo lugar para o cânon ou regra da fé.
O NT, igual para todos os cristãos, tem 27 livros.
        A “biblioteca” do cristão – ou a Bíblia – contém, portanto, 67 livros (segundo os evangélicos) ou 73 (segundo os católicos). Para designá-los são usadas abreviaturas que a própria pessoa encontra nas primeiras páginas de sua Bíblia. O sistema de abreviaturas tem pequenas diferenças em algumas edições da Bíblia, mas tende a se uniformizar.
        Para facilitar o uso da Bíblia, Estevão Langton teve a idéia de dividir todos os livros em capítulos numerados; isto se deu em 1226. Em 1584, numa viagem de Lião a Paris, feita de diligência, o editor Roberto Estevão numerou quase todas as frases destes capítulos: é a divisão em versículos, que não corresponde sempre ao sentido do texto, mas é muito prática, porque todas as edições da Bíblia a adotaram.
       Só o hábito de uma leitura constante pode nos familiarizar com a Bíblia!

       PENSANDO:

  • Você entendeu o significado dos termos BÍBLIA e TESTAMENTO?
  • Porque há diferenças entre o número de livros do AT judaico e evangélico e o dos católicos?
  • Você sabe reconhecer bem as abreviaturas dos livros bíblicos? Por quê?
  • Você se acha familiarizado com a Bíblia? Por quê?
  • Na sua casa, a Bíblia possui um lugar de destaque apenas como enfeite ou é um ponto de reunião da família para ouvir a Palavra de Deus?
  • Você possui o hábito de ler um trecho da Bíblia diariamente? Por quê?
  • Quais são as maiores dificuldades que você encontra para ler e/ou entender os textos bíblicos?




2º) Em que línguas foram escritos os textos da Bíblia.

      O AT foi escrito em HEBRAICO (com algumas passagens em aramaico), com exceção de alguns livros escritos em grego. Às vezes chama-se o texto hebraico de “TEXTO MASSORÉTICO” (os “massoretas” são os sábios judeus que, a partir do século VII de nossa era, colocaram vogais no texto para facilitar a leitura do hebraico que, como o árabe, normalmente se escreve apenas com as consoantes).
       O AT foi traduzido para o grego a partir do século VII a.C., em Alexandria.. Essa tradução, bastante heterogênea, é chamada “OS SETENTA” (fala-se também “A SETENTA”, “A SEPTUAGINTA”), abreviação de “tradução dos setenta (70) sábios” que, conforme a lenda, traduziam o texto hebraico do Pentateuco. Conhecem-se outras traduções gregas antigas: a de Áquila, Símaco, Teodocião.
        O NT foi escrito inteiramente em GREGO, na língua “comum, popular” da época, que não é mais o grego clássico (este grego é chamado de KOINÉ ou “língua comum”). Dentre as traduções antigas podem ser mencionadas a SIRÍACA, a COPTA, e a LATINA . A versão latina chamada “VULGATA” (“EDITIO VULGATA” ou “edição vulgarizada ”) foi feita por São Jerônimo (fim do século IV, começo do século V d.C.).
         As traduções foram feitas como adaptação à linguagem da época. A partir do momento  que o grego não era mais entendido, fez-se necessário a tradução para o latim, que era uma língua mais comum na época, devido à expansão que teve o Império Romano.
          Os  especialistas estudam e traduzem os textos originais, isto é, os textos hebraicos, do AT, e os gregos, do NT. Isto porém, só começou a se concretizar   realmente após o Concílio Vaticano II, com o “aggiornamento” (“a volta às origens”).






          PENSANDO:

  • Quais as línguas em que a Bíblia foi escrita?
  • Por que o texto hebraico também  pode ser chamado de “massorético”? Quem eram os “massoretas”?
  • O que é a chamada “tradução dos Setenta”?
  • Por que o NT foi escrito em grego e não latim,já que seu período de formação escrita foi durante o Império Romano?
  • Por que a Bíblia foi traduzida para o latim nos séculos IV e V d.C.?
  • Qual a importância dos especialistas estudarem e traduzirem os textos, diretamente de seus originais?
  • Você já ouviu falar no Concílio Vaticano II? Qual a importância dele para a Igreja atual?





3º)  A Bíblia não foi escrita no exato momento em que os fatos descritos por ela, aconteceram. Os autores bíblicos narraram fatos acontecidos muitos séculos ou milhares de anos  antes de eles escreverem, como também muitos anos após fatos decorridos.. Na maioria das vezes, não tinham por finalidade fazerem uma descrição histórica dos fatos narrados, mas a lembrança dos fatos ocorridos à luz da fé.

       PENSANDO:

  • A partir do texto, qual era a finalidade dos escritores bíblicos?
  • O que é necessário para se entender a mentalidade em que a Bíblia foi escrita?
  • Qual a diferença entre a narrativa de um fato histórico e a narrativa da lembrança de um fato ocorrido à luz da fé?




4º) O “conteúdo de vida” (“SITZ IM LEBEN”) dos autores bíblicos, que usavam modos de falar, comparações e costumes diferentes dos nossos. Para se entender a mentalidade em que a Bíblia foi escrita é necessário conhecer o contexto histórico, cultural, econômico, social, lingüístico, político e religioso em que seus escritores estavam inseridos.

       PENSANDO:

  • Os autores bíblicos pensavam como nós? Explique.
  • Qual o significado da expressão alemã “Sitz im Leben”?
  • O que é necessário para se entender a mentalidade em que a Bíblia foi escrita?



5º) Os diferentes GÊNEROS LITERÁRIOS utilizados na escrita da Bíblia e identificados pela EXEGESE (do grego “explicação” – é a ciência de interpretação da Bíblia) moderna: coleções de cânticos, provérbios, escritos doutrinários, livros proféticos, coleções de cartas, coleções de leis, escritos de revelação, “livros históricos”, Evangelhos. Estes são os grandes gêneros literários.
       Além disso, temos os diversos gêneros menores: a saga, o mito, o conto, a fábula, o paradigma, a pregação, a exortação, a confissão, a narrativa para fins didáticos, a parábola, a comparação, a metáfora, o oráculo profético, a lei, a máxima sapiencial, o provérbio, o enigma, o discurso, o contrato, a lista, a oração. E esta enumeração não é, de maneira nenhuma exaustiva. O trabalho da CRÍTICA DAS FORMAS (ciência que consiste em descobrir formas  fixas dos tipos acima descritos, na vida de todos os dias ou na literatura, nas manifestações orais ou escritas do homem, em descrevê-las e, por fim, em determinar a intenção de sua linguagem e seu “Sitz im Leben”) dos últimos decênios e da atualidade descobriu na Bìblia um número muito maior ainda de gêneros literários fixos e continua a descobri-los.

        PENSANDO:

  • Você já havia percebido quantos tipos de gêneros literários a Bíblia possui? Qual a importância de saber isto e de identificá-los?
  • Você entendeu o que é exegese? E crítica das formas?
  • Você desconhecia algum dos gêneros literários citados, sejam eles maiores ou menores?




                               CONCLUINDO

      Vê-se assim, que cada acontecimento encerra em si numerosos sentidos, que só    progressivamente  se revelarão: seu relato poderá ter um sentido quando redigido, e depois, retomado muito tempo mais tarde e ao ser relido em relação com os outros relatos, desvendar outros sentidos mais profundos.
       Será preciso, pois, prestar-se atenção, ao ler-se a Bíblia, nestes diversos sentidos: no SENTIDO PRIMÁRIO, aquele que o texto pode ter no momento em que foi redigido, mas também nestes SENTIDOS MAIS PROFUNDOS que Israel percebeu ao relê-los, e naqueles que nós podemos descobrir graças à nossa própria história.
        Por isso é que para se entender a Bíblia, ou para falar sobre ela, é preciso estudar bastante. Não é preciso ser doutor em Bíblia; porém, é necessário um mínimo de aprendizado  para se falar sobre ela. Esta é a importância e utilidade dos cursos sobre a Bíblia, das aulas, palestras e “círculos bíblicos”. Quando não se pode participar desse tipo de estudo, deve-se pedir explicações a quem estudou e entende do assunto. Do contrário, acaba-se não   entendendo  o que a Bíblia diz ou confundindo-se demais. E quando se fala sobre a Bíblia sem entender, fala-se bobagem ou dá-se uma interpretação pessoal nem sempre fiel e exata. O mais importante não é o que” EU ACHO que a Bíblia quer dizer para mim”, mas   REALMENTE “o que a Bíblia quer dizer para mim”.
          Embora não se entenda certas coisas na Bíblia, não se pode dizer que é difícil entendê-la. Pode-se ler a Palavra de Deus e entendê-la perfeitamente, porque Deus fala com simplicidade, ilumina nosso entendimento e toca o nosso coração, quando lemos a  Palavra Dele. Pode-se tirar grandes frutos de sabedoria, lendo-se todo o dia a Bíblia. São Francisco de Assis e Santa Teresinha não precisaram conhecer a crítica textual, a crítica das formas e o “Sitz im Leben” para entender o Evangelho, mas souberam colocá-lo em prática muito bem! Porém, isto não justifica o desconhecimento, quando temos meios para alcançar um maior conhecimento... Há de fato alguns costumes, modos de viver, gêneros literários,    expressões próprias, que ninguém é obrigado a entender. Por isso existem os especialistas, os estudiosos, os professores de Bíblia, para ajudar. Tentar explicar a Bíblia  para si mesmo é, muitas vezes, perigoso. Pode-se até dizer e fazer coisas contrárias à Palavra de Deus. A nossa  própria Igreja, a Igreja Católica, se preocupou em entender e estudar melhor o que a Bíblia diz – daí nascendo ciências como a exegese e a crítica das formas – para evitar erros do  passado que hoje a Igreja reconhece, como por exemplo, querer atrelar a ciência à fé. Por isso, as Bíblias católicas trazem sempre uma Introdução geral e mapas, nas primeiras páginas; depois fazem uma introdução para cada livro ou cada grupo de livros e trazem ainda muitas explicações ao pé das páginas.
          Logo, por ser a Bíblia uma obra humana, pode-se estudá-la, quer tenha quer não tenha fé. Pode-se até perceber o sentido que os autores quiseram apresentar. Mas este mesmo sentido não será compreendido realmente, a não ser que se entre com eles na sua pesquisa e caminhe com eles na mesma fé. Como compreender o que não se ama?

          PENSANDO:
  • Cada acontecimento bíblico possui um único sentido? Explique.
  • Quais são os três tipos de sentido que devemos prestar atenção ao ler a Bíblia?
  • Qual o sentido bíblico que nos toca mais de perto?
  • É preciso ser doutor em Bíblia para entendê-la? Por quê?
  • É importante ter ou buscar um mínimo de aprendizagem para entender a Bíblia? Por quê?
  • O texto diz que “tentar explicar a Bíblia por si mesmo é muitas vezes perigoso”. Você concorda com isto? Por quê?
  • Você acha importante um estudo bíblico sério e aprofundado para uma melhor vivência no seu dia-a-dia? Por quê?
  • Diz um ditado que “quem canta, reza duas vezes”. Você concorda que  “quem estuda sobre Deus e sua Palavra, também reza duas vezes”? Por quê?

   FONTES:

  • ARENHOEVEL, Diego –“Assim se formou a Bíblia – para você entender o AntigoTestamento” – São Paulo – Edições Paulinas – 1978 – pg 31.
  • CHARPENTIER, Etienne – “Para ler o Antigo Testamento – Orientação inicial para Entender o Antigo Testamento” – São Paulo – Edições Paulinas – l988 - pg 12 –14. 
  • _____________________ - “Para uma primeira leitura da Bíblia” – Coleção  Cadernos Bíblicos nº 1 – São Paulo – Edições Paulinas – 1986 – pg 7 - 9, 14 - 16.
  • LOHFINK, Gehrard – “Agora entendo a Bíblia – Para você entender a Crítica das Formas” – São Paulo – Edições Paulinas – 1978 – pg 29, 38, 39, 56, 57.
  • STRABELI, Fr. Mauro – “Bíblia: perguntas que o povo faz” – São Paulo – Edições Paulinas – 1990 – pg 18, 19.